domingo, 12 de fevereiro de 2012

Eu gosto de gente!


Talvez isso seja intolerância minha com as pessoas diferentes, ou até mesmo baixa autoestima, sei lá. De repente por não ser igual a elas, critico seu comportamento que não aprovo, e nem me dou conta que é despeito, mas acho horrível pessoas que se ligam em sobrenome alheio, ou nome com sobrenome, principalmente quando eles são ditos de forma empoada, para mostrar que a pessoa citada é importante, conhecida, ganhou um lugar de destaque na sociedade.

Eu detesto pessoas que ficam dizendo: “eu conheço fulano, sou amigo de beltrano”, isso quando eles são conhecidos, é lógico. Elas não dizem: sou “amigo de fulano da silva”, se esse fulano não for de alguma forma bem popular. Parece até que esse amigo anônimo que elas não citam, tem pouco valor em relação aos “supostos amigos” de nome de peso. Os amigos desconhecidos parecem ser um “zero a esquerda”, que não acrescentam nada se forem citado. Não engrandecem currículo, por isso não são lembrados. Talvez nem sejam devidamente valorizados.

Outra coisa também que me dá ojeriza é essa coisa da profissão. Se sua profissão tem destaque, você vale mais. Ao menos para ser citado, seguindo a mesma linha do nome. Ninguém que goste de nome e sobrenome diz: “Sou amigo de fulano eletricista”, porque eletricista é cargo sem glamour, mas dizem com orgulho: Sou “sou amigo de beltrano escritor”, pois escritor é cargo bonito, importante. Ainda mais se o escritor for conhecido, porque também, existem os escritores desconhecidos, e estes valem menos também. Seus nomes são citados só para “encher linguiça”, quando não tiver coisa melhor.

Posso até ser chata, “sensível”, ou mesmo fresca, mas para mim parece pairar em volta dessas pessoas ligadas nesses detalhes como sobrenome, profissão, posição social, etc. uma energia não muito boa, meio assim esnobe. E quando pessoas assim se juntam, fica um clima estranho entre elas. Elas criam um circulo vicioso, e é difícil trocar o assunto, a vibração. Algumas vezes seus olhos refletem um brilho “estranho”, de quem se compraz de sua própria grandeza, superioridade, ou sei lá o que elas achem que sejam. Ao menos naquele momento, onde se engrandecem umas aos olhos das outras. Elas ficam embriagadas de prazer. Acho isso bizarro, até mesmo “demoníaco”. Eu não gosto nem de chegar perto. Quando chego, logo saio. A energia delas me repele. Até porque essa relação se estabelece entre iguais. Criam-se “círculos fechados”, e se você – como eu - não tem igual papo não é bem vinda. É descaradamente ignorada até se perceber expulsa.

Quando essas pessoas que gostam de citar sobrenome e profissão falam de alguém, como se fossem deuses encarnados, geralmente se esquecem de ver na pessoa citada o ser humano que realmente são. Isso é cruel! A pessoa citada muitas vezes se sente usada. Até mesmo ignorada. Eu sei que muitas pessoas conhecidas trabalharam duro, fizeram muitas coisas boas e por isso têm seus nomes lembrados. Eu mesmo preciso “criar nome”, para que escutem o que digo, valorizem meu trabalho. O problema não é citar pessoas pelo nome e sobrenome, ou vinculá-la sempre com sua profissão, etc. mas é a supervalorização desta característica, colocando as pessoas que não a possuem em segundo plano, ou segunda categoria.

Por isso, mais do que nunca eu tenho a certeza de que eu gosto mesmo é de pessoas. E de pessoas que gostam de pessoas. Não me importa cor de pele, gênero, estrato social, sobrenome, profissão. Eu gosto de pessoas! Pessoas bonitas por dentro, não só por fora. E gosto principalmente das pessoas simples, sem soberba. Gosto de pessoas humildes, que mesmo quando possuem nome com sobrenome, profissão de destaque, não se acham melhores do que as outras pessoas desconhecidas. E não usam “a imagem que tem” para manipular ninguém.

Eu gosto de gente boa. Gosto de olhar em seus olhos, sorrir para elas. E não importa quem sejam. Se bem falantes ou quietas. Se ganham pouco ou muito. Se são chefes ou operários. Se não políticos ou pessoas do povo. Se grandes catedráticos ou simples alunos. Eu gosto de gente! De gente!


Kátia Pessoa


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