terça-feira, 5 de março de 2013

Nzinga Mbande: conheça a história da rainha quilombola de Angola





Esta semana, o secretário de Estado da Cultura de Angola, Cornélio Caley, afirmou em Luanda, que a rainha negra Nzinga Mbande foi uma das figuras mais importantes para o país e um verdadeiro mito na memória dos afro-descendentes.

O ministro fez esta afirmação quando procedia a abertura do colóquio sobre a rainha, organizado pela Unesco com o apoio do Ministério da Cultura de Angola.

Para o também historiador, estes afro-descendentes, a todo momento, pensavam que a rainha viria para salvá-los da opressão, pelo que foi assim invocada e cantada na calada da noite.

“Hoje Nzinga Mbande continua a ser invocada na literatura, na história, no teatro, enfim, em todas as atividades acadêmicas”, asseverou.

Segundo alguns investigadores, Nzinga Mbande teria aprendido com o seu pai, Ngola Kiluanje (rei do Ndongo), a arte de governar, assim que atingiu a maturidade, num momento em que os portugueses tentavam, a todo custo, adquirir mão-de-obra escrava e barata nas terras de Nzinga.

“A rainha Nzinga Mbande aparece na cena política com o lema de resistência e procurou, por todos os meios, lidar com o inimigo em pé de igualdade, recorrendo a astúcia possível, criando alianças ora com o Congo, ora com os holandeses. Converteu-se ao catolicismo com o fim de abrandar a ira do inimigo, pois queria assim uma espécie de uma aliança tácita”, indicou.

Nzinga tornou-se principal aliada dos escravos fugidos, promovendo-os para cargos de destaque na hierarquia militar.

Deste modo, disse Cornélio Caley, ela foi ao encontro dos desprotegidos, libertando-os da ganância daqueles que os queriam vender a qualquer preço, lançando assim para a posteridade a causa pela defesa do ego nacional e levantando o punho da liberdade da nação do Ndongo.

Episódio ilustre

Um episódio revela bem as qualidades de Nzinga, conhecida também como Rainha Ginga. Quando ela se apresentou como embaixatriz em Luanda, o governador a recebeu numa sala onde havia apenas uma cadeira e uma almofada. O governador oferece-lhe a almofada, o que Nzinga recusa por ofender a sua dignidade real e senta-se no corpo ajoelhado de um dos acompanhantes da sua corte, eliminando a posição de inferioridade que sutilmente lhe era oferecida pelo governador.

Quando a audiência terminou, a escrava estava na mesma posição.

A rainha despertou o interesse dos iluministas como a criação de um romance inspirado nos seus feitos (Castilhon, 1769) e citação na Histoire Universelle (1765). Obteve vitórias e uma relativa paz até morrer aos 82 anos de idade.

Homenagem no carnaval carioca

De tão famosa em Angola, a rainha já foi homenageada no carnaval do Rio de Janeiro pela escola de samba Unidos de Vila Isabel. Em um enredo sobre o país, a carnavalesca Rosa Magalhães destacou que apesar de Nzinga ter um harém com mais de 200 homens, ela foi uma das mulheres mais respeitadas na história do país africano.





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